sábado, 5 de novembro de 2011

O Sapato

Ao me abaixar, senti aquela agulhada acima das nádegas e gemi como um cão em agonia, mas o mais importante, ainda em tortura suplicante, era amarrar aqueles cardaços malditos que colavam na calçada fétida!

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O Festival

Eu estava longe de casa, atraído pelos enigmas do oriente. Escutava seu mar a bater na costa, logo atrás da montanha, onde as árvores quase tocavam as primeiras estrelas da noite. Atravessei a neve que cobria a estrada em direção a Aldebrã para encontrar meus pais, que me haviam chamado para a cidade muito antiga, que eu jamais vi, mas com a qual diversas vezes sonhei.

Paula Hilgeland, versão de uma passagem da obra de H. P. Lovecraft

Esferas poéticas que me foram apresentadas por Noemi Jaffe, no curso "Escrita Criativa"

Assim eu quereria meu último poema
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicídas que se matam sem explicação

Último Poema - Manuel Bandeira


Só para avisar

Comi as ameixas
que estavam
na geladeira


aquelas
que você provavelmente
guardou
para o café da manhã.


Me desculpe
estavam ótimas
tão doces
tão frias.

William Carlos Williams

Vozes

  Acordar não é o começo de um dia. Vozes ruidosas são como biribas pipocando em minha cabeça.
  Levanto-me muito lentamente, mas o sol não bloqueia a avalanche mental de estrondos vocais. O nascente não alivia. Pelo contrário. Essas vozes são como agulhas espetando na testa. Que fadiga é manter o elo com os donos das vozes! Seria um bálsamo nada escutar!
  Percebo, cara amiga, que não há como escapar delas, não consigo fugir de nada, nem de dia nem de noite.
  Amiga, lembra-se de nossa infância, quando, sem culpa, provávamos aventuras na mata, rindo e brincando?
  Quero viver outra vez momentos de pura simplicidade, mas me vejo na voz do impossível. Vejo-me embrenhada nos galhos ressecados daquela mata, nas jibóias a parasitar as árvores, nos troncos carcomidos pelos cupins. Estou prestes a ser derrotada pelos mosquitos minusculamente irritantes que sobrevivem na fauna falecida.
  Irritante sou eu, que não suporto nada, nem presente nem passado.
  Porém, estou perto de chegar a algo que incita minha curiosidade. Uma área preservada, sem passado, sem presente.

(autor: Paula D. A Hilgeland, a criadora deste blog; texto elaborado nas aulas de Noemi Jaffe, na Casa do Saber, set/2011)

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Um Diálogo entre D. W. Winnicott e Maud Mannoni

Esse estudo tem como objetivo refletir acerca das similaridades e diferenças entre as premissas que os dois autores psicanalistas conceberam para a compreensão do desenvolvimento infantil, tendo como objetos de investigação a psicose e o autismo infantis.

Conceitos básicos a serem discutidos:

- Desenvolvimento Emocional Primitivo, D. W. Winnicott;
- Escola experimental de Bonneuil-sur-Marne, uma apresentação da instituição e seu funcionamento;
- O jogo do Fort-Da, espaço potencial e o brincar;
- Discussão de casos institucionais e clínicos.

Os encontros se darão quinzenalmente com 1,5 hora de duração e em grupos de no máximo cinco participantes, no bairro de Pinheiros, São Paulo. Seja bem vindo!

Informações:  
(11) 3082-6394
(11) 9214-9885